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Pele seca a atópica

O que acontece com a pele atópica? Como espaçar as crises de eczema?

Tempo de leitura : 6 min

Sendo uma forma mais severa de pele muito seca, a pele irritada e com comichão corresponde a uma pele atópica. Esta doença de pele começa na baixa infância e apresenta todas as características de uma verdadeira epidemia. É mesmo uma das principais causas das visitas ao dermatologista. Nos últimos 30 anos, o número de casos de dermatite atópica duplicou, ou mesmo triplicou, nos países ocidentais*.

 

Mal conhecida e mal compreendida, a pele atópica complica a vida das crianças e dos seus pais. No entanto, descobertas científicas recentes possibilitaram uma melhor compreensão da doença e modificaram a forma como é tratada desde o nascimento.

 

 

*Dermatite atopique: épidémiologie en France, définitions, histoire naturelle, association aux autres manifestations atopiques, scores de gravité, qualité de vie (Atopic dermatitis: Epidemiology in France, Natural History, Association with Other Atopic Manifestations, Severity Scores, Quality of Life). E. Mahé. Ann. Dermatol. Venereol. 2005 ; 132

Eczema

Como reconhecer uma pele atópica?

 

A dermatite atópica é uma doença inflamatória da pele, caracterizada por secura extrema e manchas vermelhas, muitas vezes cobertas por pequenas vesículas (pequenas “bolhas”) que provocam comichão intensa.

 

A dermatite atópica é uma doença crónica benigna, não contagiosa, acompanhada de crises de eczema. Essas fases agudas têm um impacto significativo na qualidade de vida e são muitas vezes causa de insónias.

 

Com o tempo, um perfil atópico pode manifestar-se através de outras alergias, como asma, rinite alérgica ou conjuntivite alérgica. As complicações são infeções secundárias bacterianas ou virais (herpes). Os molluscum contagiosum, de origem viral, também aparecem com mais frequência em perfis atópicos.

 

Quais são as causas da atopia?

 

Extremamente seca, a pele torna-se mais permeável e deixa de desempenhar o seu papel de barreira contra as agressões externas e os alérgenos. Mas nem toda a pele seca se torna atópica.

 

A atopia desenvolve-se quando existe predisposição genética.

 

Estudos anteriores demonstraram que se um dos pais tiver pele atópica, a probabilidade de a criança ter a mesma condição de pele é de 30%**. Se ambos os pais forem afetados, a probabilidade é de 70%**.

 

Além do fator genético, a pele atópica está também relacionada com o exacerbar do sistema imunológico, que reage de forma exagerada, criando inflamação.

 

A epiderme torna-se permeável e deixa penetrar os alérgenos (ácaros, pelos de animais, pólen, etc.) e certas bactérias (staphylococcus aureus), que desencadeiam reações inflamatórias.

 

Alguns alérgenos alimentares (leite de vaca, ovos, etc.) estão igualmente envolvidos, no plano digestivo, no desencadeamento de certas crises de eczema. Outros fatores, como produtos químicos aplicados na pele, o calor ou a transpiração, são fontes de irritação na origem desses surtos.

 

No entanto, na grande maioria dos casos, as crianças atópicas não têm alergias alimentares. As alergias alimentares manifestam-se sob a forma de sintomas digestivos e de uma “quebra” nas curvas do peso e da altura.

 

 

**Dermatite atopique. SA Büchner. Swiss Medical Forum No. 19, May 2001

 

 

 

Evolução da Dermatite Atópica

 

Fase 1

A dermatite atópica manifesta-se geralmente entre o 2.º e o 3.º mês de vida, quando aparecem manchas vermelhas localizadas nas faces e nas mãos, e mais tarde nas zonas de flexão dos cotovelos e dos joelhos. A doença evolui através de crises durante 1 ou 2 anos.

A pele mantém-se permanentemente seca, o que provoca prurido, causando insónias e uma diminuição da qualidade de vida.

 

Fase 2

Após vários anos, algumas crianças podem desenvolver outras manifestações de atopia, como rinite alérgica e/ou asma alérgica. Trata-se da “marcha atópica”, frequentemente ligada ao coçar em excesso e à grande colonização do staphylococcus aureus na pele.

Em consequência, para impedir que apareça e se agrave, a comunidade científica recomenda atualmente o tratamento precoce, de modo a controlar o aparecimento da pele atópica desde o nascimento, em recém-nascidos que ainda não apresentam sinais da doença, mas que têm forte predisposição genética (pais atópicos, irmãos atópicos).

Bebé com pele atópica no colo da mãe

Quem é afetado?

 

As pessoas afetadas são geneticamente propensas a alergias (propensas a atopia) e também podem ter problemas respiratórios (asma), problemas nos ouvidos, nariz e garganta (rinite alérgica), problemas oculares (conjuntivite alérgica) ou problemas digestivos (alergias alimentares).

 

Os bebés e as crianças têm maior probabilidade de ser afetados, geralmente entre os 3 meses e os 5 anos, com um pico de 80% dos casos antes de 1 ano de idade. Mas a pele atópica pode persistir por mais tempo, até à idade adulta.

O que deves fazer?

 

A compreensão do caráter evolutivo da pele atópica mudou e definiu dois objetivos-chave, que devem encorajar-te a contactar o teu dermatologista.

 

A estratégia ideal é evitar que a doença progrida. Isto começa logo na fase de secura pré-atópica, especialmente em bebés de risco, aqueles com a pele muito seca, esbranquiçada e rugosa, ou filhos/irmãos de pessoas com pele atópica.

 

Cada crise aumenta a probabilidade de novas recaídas, por isso é essencial intervir rapidamente e de forma adequada.

 

 

Tratamento das crises

  • As crises de eczema são tratadas, sobretudo, com corticoides tópicos, sempre segundo indicação médica.

  • Estes ajudam a reduzir a inflamação e aliviam rapidamente a comichão.

  • As lesões podem voltar quando o tratamento é interrompido, por isso segue sempre a orientação médica quanto à duração e quantidade a aplicar.

  • Evita usar corticoides no rosto e na zona da fralda do bebé.

 

Se os esteroides tópicos não forem eficazes, o dermatologista pode recomendar tacrolimus, mas só para crianças com mais de 1 ano. Outros tratamentos são reservados para adolescentes e adultos.

 

Dietas de exclusão só fazem sentido se houver confirmação médica de uma alergia alimentar comprovada por testes.

 

Segue sempre as indicações do dermatologista e adota estes cuidados:

 

 

Evitar irritantes e alergénios

  • Evita ácaros, pólen, pelo de animais e exposição ao fumo do tabaco.

  • Nos bebés, evita diversificação alimentar precoce — segue o pediatra.

 

 

Roupa

  • Prefere algodão.

  • Evita lã e tecidos sintéticos que podem irritar a pele.

  • Reduz o uso de detergente e, se possível, engoma a roupa ou seca-a na máquina para ficar mais macia.

 

 

Ambiente da casa

  • Mantém a temperatura entre 19–20ºC.

  • Humidifica o ar ou pendura uma toalha molhada no quarto durante a noite.

  • Areja diariamente, faça frio ou calor.

 

 

Atividade física

  • Não há restrições, exceto se a transpiração agravar a comichão.

     

 

  • Toma duches curtos (5–10 minutos) com água morna, não ultrapassar os 35ºC.

  • Evita banhos de espuma e sais de banho, porque ressecam a pele.

  • Usa um produto de higiene de elevada tolerância, como um syndet líquido ou um sabonete relipidante.

  • Evita sabonetes comuns, que podem irritar e secar a pele.

  • Seca a pele com delicadeza, com toques suaves e sem esfregar.

 

 

  • Aplica um emoliente uma ou duas vezes por dia para reforçar a barreira cutânea, suavizar a pele e reduzir a sua reatividade.

  • Durante as crises, usa um creme hidratante e nutritivo 1–2 vezes por dia para aliviar a comichão e ajudar a controlar a inflamação, evita aplicar nas lesões ativas de eczema, a menos que o médico indique.